De: Jorge Geisel
Para:
Maria Lucia Massot
Enviada em: quarta-feira, 12 de junho de 2002
03:37
Assunto: Mensagem de Apoio e Agradecimento
Prezada Maria Lucia Massot,
Tenho acompanhado sua incrível e destemida luta em prol de seus direitos, que afinal também são de todos nós, os moradores contribuintes do Município do Rio de Janeiro. Certamente, muitos jamais entenderão a nobreza de suas intenções.Dirão, aos quatro ventos,que Maria Lúcia Massot é uma "reacionária", uma "neoliberal" que prega a perseguição dos pobres e dos carentes.Uma mulher dura e cruel, obstinada em seu quixotismo, discriminadora e insensível às causas sociais... Talvez, até muitos estejam torcendo pelo seu merecido êxito, acocorados atrás dos biombos do anonimato, temendo a solidariedade desabrida pela covardia moral que domina um país inteiro. O temor aos poderosos foi historicamente ensinada.A conveniência de estar bem com o Poder, foi repassada pelo exemplo de várias gerações de moluscos humanos que, sem nada oporem, desfilaram em direção aos túmulos de vidas sem propósitos maiores do que apenas sobreviver... Num país onde a possibilidade de sobrevivência é considerada como já sendo uma dádiva concedida pelo Poder de plantão, a vida dos que lutam frontalmente contra o arbítrio, a injustiça, o mandonismo e a incivilidade, torna-se muito mais difícil e penosa. Significa trilhar um caminho com sinalizações propositalmente errôneas, com pontes criminosamente sabotadas... Uma peregrinação sujeita a serpentes venenosas sobre as sombras de um eventual descanso, permanentemente desviada pelos cruzamentos e desvios falsificados... Transformar grande parte do produto honesto de seu próprio suor e talento profissional no investimento de moradia lícita e respeitada pela sociedade organizada e suas autoridades,é um processo normal da vida civilizada, em qualquer país do mundo. Menos no Brasil e fundamentalmente na Cidade do Rio de Janeiro... E, o fenômeno é curioso, se imaginarmos que o país é dotado de um território nacional de oito milhões e quinhentos mil quilômetros quadrados, onde poderiam ser alojadas as populações inteiras da Europa e das Américas, sem quaisquer constrangimentos humanos em tamanho espaço geográfico, desde que houvesse planejamento urbano adequado e virtudes morais devidas pelos que se intitulassem capazes de administrá-lo pela vontade democrática dos povos. Mas, mesmo assim, sem as tais virtudes morais, fica muito difícil entender que a autoridade minimamente racional, não encontre outra solução mais adequada ao assentamento de pessoas carentes de assistência social, do que permiti-las à livre escolha de esbulhos possessórios de espaços públicos e privados, cujas anomalias serão multiplicadas pela insegurança pública, em comunidades geminadas aos que pagam tributos para viver sob o manto protetor do regime da normalidade urbanizada. Surrealismo puro! Minha mensagem é a do estímulo e, também, a do profundo agradecimento pelo esforço que Maria Lucia Massot tem devotado aos seus direitos e aos de todos nós, moradores e proprietários nessa beleza agredida da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Confiante de que os autores e apoiadores da Emenda Suicida jamais se elegerão, pelo menos não com as facilidades anteriores, envio minhas respeitosas
Saudações Federalistas,
Jorge Ernesto Macedo Geisel