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Jornal O Globo, carta dos leitores,
Domingo, 31 de janeiro de 1999
Grande favela
- Estou morando
fora do Brasil há mais de dez anos e fui passar o Natal e o Ano
Novo com meus familiares e amigos brasileiros. Que decepção! Hoje
nosso Rio é uma grande favela todos andam na rua com medo e
tristes. O que aconteceu? Acho que os menos favorecidos tem todo o
direito à moradia, mas por que eles tem de morar nos melhores
lugares do Rio? Os impostos que os moradores de São Conrado pagam
(um dos mais caros do mundo) são os mesmos dos moradores da
Rocinha (de frente para o mar)? Em nenhum lugar do mundo acontece
o que está acontecendo no Rio. Os cariocas têm de acordar. Não
esperem por governantes ou demagogos. Não era meu plano voltar ao
Brasil, mas agora acho que tenho um compromisso moral com minha
cidade natal. O que mais me incomoda são os comentários da
imprensa internacional, só cita nosso país como um grande estorvo.
A cidade de Londres, que é um grande nada, tudo é velho, feio,
estreito e caríssimo (moro aqui há quatro anos), vive cheíssima de
turistas, todos dizendo "oh, que lindo!". Gostam de tudo, mas o
que eles gostam é da segurança e da organização. Nossa cidade
daria de mil em Londres, se não tivesse tanta favela, que gera
medo, indignidade e torna a cidade mais linda do mundo numa
verdadeira Angola pós-guerra.
EDILSON ESTEVES (21/01),
Londres, Inglaterra
Jornal O globo, Cartas
dos Leitores, Quarta-feira, 3 de março de 1999
Oficina nas calçadas
- Por mais que a CET-Rio e
a Prefeitura proíbam o uso das calçadas de pedestres por oficinas
mecânicas e para estacionamento, o abuso continua. As ruas
Fernando Guimarães e da Passagem, em Botafogo, são algumas que tem
suas calçadas transformadas em grandes oficinas mecânicas e ponto
de estacionamento. Se as autoridades fizessem uma ronda pelo local
poderiam punir os infratores.
WILSON LIMA
(25/02), Rio
- Gostaríamos de
parabenizar o prefeito pela nova medida destinada a retirar os
carros estacionados em cima das calçadas em frente às agências de
automóveis e acabar com as oficinas clandestinas no meio da rua.
Infelizmente o prefeito esqueceu a calçada da Igreja da
Ressurreição, na Rua Francisco Otaviano, em frente à Rua Bulhões
de Carvalho, no Arpoador, onde funciona uma oficina, sem nenhum
respeito às centenas de pedestres que ali passam e, mais, em
flagrante desrespeito à Igreja Católica.
ALFREDO LOPES BORNHAUSEN
(por e-mail, 26/02), Rio
Jornal O globo, Carta dos
Leitores, Sexta-feira, 19 de março de 1999
Invasões
- Basta olhar com atenção
o Rio para notar que as invasões estão tomando conta do espaço
urbano. Não há um bairro que não esteja ameaçado pelo crescimento
desordenado das favelas. E não se vê providência para conter a
situação. A Mata Atlântica vai sendo devastada, empobrecendo nosso
maior patrimônio, que é a natureza. Há cinco anos não se via a
Rocinha da Lagoa. Hoje, uma imensa mancha faz parte da paisagem.
Conter o avanço de ocupações que destroem o patrimônio turístico
da cidade é dever de quem pensa no futuro de uma população que tem
na atividade turística suas melhores oportunidades de trabalho. No
Rio, mais do que em outro lugar, a paisagem é business.
LUCIANO BASTOS
(por e-mail, 16/03), Rio
Jornal o Globo, Carta dos
leitores, Sexta-feira, 12 de abril de 1999
Miséria e luxo
- Um dia perguntado por que
levou tanto luxo às favelas através do grandioso carnaval que
realizou na Beija-Flor, Joãozinho Trinta respondeu: "Quem gosta de
miséria é intelectual, o povo gosta é de luxo". Sábio Joãozinho.
Só faltou ele dizer que há certos sociólogos que acreditam numa
sociedade nivelada e lutam por isso, mesmo que tenham que nivelar
por baixo e levam a questão tão a sério que se assessoram com
iluminadas cabeças procedentes de Harvard e de outros centros de
excelência para transformar a classe média e a miserável numa
classe pobre (com direito a frango e dentadura). Aí, fica todo
mundo igual e está resolvido. O rico? Ora, o rico é rico, ele
manda, e aí dá para ficar acima disso tudo.
SILVANA MONTEIRO MOURA DA COSTA
(por e-mail, 6/04), Niterói, RJ
Jornal O Globo, quinta-feira,
15 de abril de 1999
Favelas
- O prefeito Luiz Paulo
Conde vem repetindo sistematicamente uma proposta que a maior
parte da população deve considerar impraticável: garantiu
transformar as favelas em bairros, com saneamento e outros
benefícios e recuperar toda a área perdida da Reserva Atlântica
para desmatamento. Como sabemos, as favelas são as maiores
responsáveis pelo desmatamento de nossas encostas. Compete ao
senhor prefeito explicar como fará tal milagre ou pelo menos pedir
desculpas pela agressão que faz à nossa inteligência.
RONALDO CARRASCO
(8/04), Rio
Jornal O Globo, Carta dos
leitores, Quarta-feira, 5 de maio de 1999
Floresta da Tijuca
- "Floresta da Tijuca ganha
cara nova", esta a manchete desse jornal em 2/05. Pois bem,
gostaria de saber o que nossas autoridades consideram como
Floresta da Tijuca, já que até agora apesar de minhas denúncias
quanto a diversos focos de favelas em plena Av. Edson Passos, que
corta a floresta, nem a Prefeitura, nem o Ministério do Meio
Ambiente, a Comlurb, a Fundação Parques e Jardins e a Guarda
Municipal tomaram alguma providência. Ou será que essas favelas
fazem parte do modelo de preservação ambiental planejado por
nossas autoridades?
ISAAC GOLDENBERG
(por e-mail, 2/05), Rio
Jornal o Globo,Cartas dos
leitores, domingo, 20 de junho de 1999
Lagoa agonizante
- Na Região dos Lagos, a
Lagoa de Araruama agoniza lentamente. Os melhores prognósticos
indicam a extinção da flora e da fauna nos próximos seis anos.
Falar em banho é proibido. As autoridades municipais, estaduais e
federais, de braços cruzados, aguardam as soluções caírem do céu.
O próprio Ministério Público, instado em 1995 a se manifestar na
qualidade de curador especial do meio ambiente, nada fez. Enquanto
isso, diariamente os cinco municípios banhados pela lagoa jogam
nela milhões de litros de esgoto in natura em razão de
sua massa populacional, que atinge a mais de meio milhão de
pessoas. Proibir, fiscalizar e multar os agentes poluidores, isso
dizem que de nada adianta. O que de fato iria resolver? Criar um
consórcio envolvendo os municípios? Cuidar de toda a bacia
hidrográfica, enquanto o paciente morre de hemorragia abdominal?
Precisamos primeiro é salvar o paciente. De nada nos adianta
cuidar de um morto. Com a palavra a Feema, a Seria, o Ibama e as
prefeituras municipais.
VALDIR CAMPOS G. DE
CARVALHO
(por e-mail, 8/06), Araruama, Rio
Jornal O Globo, Carta dos
Leitores, terça-feira, 24 de agosto de 1999
Ajuda aos pobres
- Algum tempo atrás, um
grupo de estudantes alemães veio ao Rio "passar férias ensinando e
ajudando os pobres" de uma favela. Passaram aqui quase uma semana.
Soube depois que eles, ao voltarem à Alemanha, foram olhados como
heróis. Há poucas semanas, apareceu outro grupo com as mesmas
intenções. Pergunto: o que se pode aprender em menos de uma
semana, com gente que não fala nossa língua e não tem a menor
idéia das necessidades do lugar? Pintar paredes, como vi na TV,
mais da metade de moradores da favela sabe fazer e faz como
profissão há mais tempo do que os estudantes têm de vida! E por
que a insistência tão longe? Se eles têm tanta necessidade de
ajudar, por que não ajudam quem está perto deles? Em Kosovo, por
exemplo.
GLAUCE FALCÃO
(19/08), Rio
Jornal O Globo,
Carta dos Leitores, domingo, 5 de setembro de 1999
Degeneração urbana
- O Rio, há anos, é vítima
de governantes populistas que visam exclusivamente ao poder e
permitem a degradação da cidade. Isso é facilmente demonstrável
pelos pólos de favelização que se multiplicam, criando problemas
de toda ordem. Esse processo degenerativo atinge os logradouros
públicos, com excluídos que se amontoam em glebas - aí incluídos
adultos e crianças -, criminosos em todos os cantos e, como não
poderia deixar de ser, delegacias servindo de presídio. O
resultado de tantos desmandos é a insegurança do cidadão.
SERGIO MARTINS VIANNA
(por e-mail, 2/09), Rio
Jornal O Globo, Carta
dos Leitores, domingo, 3 de outubro de 1999
Rocinha cresce
- A Rocinha dobrou a
montanha e continua crescendo, ocupando todo um espaço de Mata
Atlântica sem que ninguém se manifeste em prol da preservação
ambiental. Onde estão as ONGs de proteção ecológica, onde está o
Partido Verde para reclamar dessa devastação? Acho que algumas
medidas deveriam ser tomadas, mesmo que impopulares. Do jeito que
as coisas vão, em breve não teremos mais encostas verdes na
cidade.
HENRIQUE CORREA MACHADO
(por e-mail, 25/09), Rio
Jornal O Globo, Carta dos
leitores, terça-feira, 2 de novembro de 1999
Imóvel na favela
- Dia 26 de outubro, Sofia
Cerqueira escreveu sobre um grupo de grileiros espertíssimos que
se apoderam de praças e pistas de rolamento, terrenos públicos,
para construírem sem licença, as suas casas. Dia 31, Selma Schmidt
mostra, em reportagem, que as favelas se acham dominadas por
exploradores de terrenos públicos e alheios, que ali construíram,
também sem licença, centenas de casas que alugam para terceiros.
Tais reportagens demonstram que a permissividade e a displicência
com que a Prefeitura encara as construções desordenadas nas
favelas não resultou em benefício aos mais necessitados e só
serviu para enriquecer meia dúzia de espertalhões.
MARIO C.F.BRITO
(31/10), Rio
- Muito boa a reportagem da
página 12 de domingo. Finalmente se tocou no grande problema da
favelização do Rio. Enquanto não se corrige esta situação,
qualquer tentativa do tipo Favela-Bairro será sempre uma
injustiça. Os grandes proprietários, que exploram a boa gente que
mora nas favelas do Rio, não pagam impostos, taxas, IR, nem IPTU.
Entretanto, ao pobre suburbano da Zona Oeste, sem estradas, sem
condução, sem assistência, não é perdoado qualquer atraso.
RUY MOZZATO
(por e-mail, 31/10), Rio
Nota: a carta abaixo enviada ao
jornal O Globo não foi publicada.
Jornal O Globo, domingo, 31 de
outubro de 1999
Assunto: Os donos das grandes
favelas
Sra. Amelia Rodrigues
Editoria Rio
Jornal O Globo
A respeito da matéria
publicada no jornal O Globo, hoje, dia 31/10, "Os donos das grandes
favelas", gostaria de lembrar que esse mesmo jornal já publicou uma
matéria sob o título "Favela sofre processo de verticalização" no
dia 15 de novembro de 1998, aonde o próprio Sr. Sergio Magalhães
declara: "Acho que um prédio de três pavimentos, em tese, é
razoável" e que "após as obras do Favela-Bairro, será criada uma
legislação urbanística específica para a região". O repórter diz
ainda "O crescimento para cima tem um importante incentivador, o
secretário municipal de Habitação, Sérgio Magalhães".
Um ano após essas
declarações, nenhuma legislação foi até hoje feita e membros do
próprio governo, o sub-prefeito da Barra, Sr. Rodrigo Bethlem e o
sub-prefeito da Lagoa, sr. Ricardo Rotemberg reclamam da especulação
imobiliária nas favelas. Ora, de duas uma: ou os "governantes" nos
estão passando atestado de imbecilidade, ou esquecem o que declaram
nas reportagens.
Gostaria que essa
editoria acessasse a minha homepage
"http://www.geocities.com/Athens/Crete/6913
- Favela Bairro a falência de uma política
habitacional - aonde as inúmeras denúncias feitas por mim e
associações de bairro, devidamente protolocadas nos diversos órgãos
públicos, inclusive no Ministério Público Estadual, jamais foram
levadas em consideração.
Maria Lucia Massot
arquiteta e moradora do Recreio dos Bandeirantes
Jornal O Globo,
Cartas de Leitores, domingo, 7 de novembro de 1999
Favela em encosta
- A Rocinha e o Morro Dona
Marta são o testemunho mais eloqüente da omissão da autoridade
municipal no que diz respeito à preservação das encostas dos
morros. É necessário que o prefeito adote urgentemente - medidas
que impeçam a expansão das favelas nas encostas. Isto é possível e
fácil de realizar. Exemplo: a rápida derrubada de edificações e
delimitação da favela que se formou no morro onde se localiza a
desembocadura do Túnel Rebouças, no Rio Comprido. Outro exemplo: o
magnífico parque ecológico, em frente à Lagoa Rodrigo de Freitas,
onde outrora existiu a Favela da Catacumba. Posteriormente à
delimitação, há que se estudar o acesso amplo e fácil a todos
morros onde se localizam as favelas. Esta via permitira à polícia,
com mais segurança e eficácia, o acesso ao topo dos morros, hoje
tarefa arriscada e malsucedida, quando é necessário proteger a
população e combater os bandidos.
JOÃO MARIA F. VALENTE
(1/11) Rio.
Jornal O Globo, Cartas
dos leitores, quinta-feira, 11 de novembro de 1999
Bairro-Favela
- Brilhantes e oportunos os
comentários dos leitores Castelo Brando e José Castro (10/10).
Nossa cidade está se transformando numa "Cidade-Favela" e a Tijuca
é o protótipo do "Bairro-Favela". Existem favelas por todos os
lados, crescendo com a total conivência das autoridades
municipais. A política iniciada no Governo César Maia foi
totalmente desvirtuada pelo atual prefeito. Há meses, com espanto,
vi um trator da Prefeitura rasgando a mata da Tijuca, ao lado do
Morro da Formiga, abrindo uma estrada, como um convite oficial a
novas invasões. Esta favela cresce desordenadamente, em direção à
Usina da Tijuca. Com a palavra, as autoridades municipais,
particularmente o secretário municipal de Habitação, Sérgio
Magalhães.
GUILHERME LEITE
(5/11), Rio
Jornal do Brasil, A Opinião dos
Leitores, terça-feira, 7 de dezembro de 1999
Cálculo do IPTU
- É lamentável que o cidadão
seja forçado a engolir os devaneios eleitoreiros de políticos,
que, por incompetência gerencial, manipulam as regras já
estabelecidas para cálculo de tributos, simplesmente para fazer
caixa que mantenha suas ambições pessoais. Agora mesmo, quando
toda a massa de assalariados está sufocada com um congelamento
salarial sem precedentes, enfrentando um retorno crescente da
inflação, eis que o nosso alcaide, num arroubo de insensibilidade,
propõe mudar as regras para cálculo do IPTU e do IPVA, para,
segundo divulgado pela imprensa, atender ao social, certamente
urbanizando favelas que deveriam, sim, ser erradicadas. Sr.
prefeito, nos países do Primeiro Mundo, tão citados, quando
convém, político que propõe aumento de impostos está liquidado.
Sergio Martins Vianna - Rio de
Janeiro.
Jornal O Globo, O leitor no
globo, sexta-feira, 21 de janeiro de 2000
Frase do Leitor
"A Rocinha dobrou de tamanho para o lado da Gávea. Fui até o
Arquivo Municipal e consegui uma foto da favela de 1931, bem no
seu começo. Comparando o quanto a Rocinha era naquele ano e o que
se tornou em 70 anos penso que nossos netos não terão mais
encostas verdes tanto do lado de São Conrado quanto do lado da
Zona Sul. Em breve não teremos mais a maior floresta urbana do
mundo. Entendo que há problemas crônicos de habitação, por isso
está na hora de um debate sobre o assunto, pois as implicações vão
desde o desequilíbrio ecológico aos problemas de violência".
Henrique Corrêa Machado, Rio
Jornal O Globo,
Cartas dos Leitores, 24 de janeiro de 2000
Favelas
- Sobre a carta "Favelas"
(17/01), gostaríamos de acrescentar que na lista de órgãos omissos
na questão estão, acima de tudo, as autoridades maiores do Estado,
que assistem à favelização vertiginosa sem qualquer reação
responsável. É realmente triste ver a Mata Atlântica sendo
destruída, o lixo espalhado por toda parte, o roubo generalizado
de água e luz, a sonegação de impostos, a marginalidade fazendo da
favela um refúgio seguro e, por fim, a transferência de todos
esses ônus e custos para a já sofrida classe média que,
desesperada e apavorada, não tem outra alternativa senão apelar
para a imprensa. Permitir a criação e expansão das favelas é
querer escravizar para sempre os pobres e humildes, protegendo os
aproveitadores e marginais, e sufocando o cidadão médio.
MIGUEL KIHAIR
(por e-mail, 18/01), Rio
Jornal do
Brasil, A Opinião dos Leitores, segunda-feira, 13 de março de
2000
Exemplo
-
O Professor
Mario Moscatelli é um exemplo para todos na sua luta pela cidade.
Se as autoridades não se importam com a Cidade Maravilhosa e sua
extraordinária beleza natural, sua flora e fauna, nós, cariocas,
sim. Que os moradores do Rio de Janeiro se unam para apoiar esse
incansável biólogo em sua luta calada para salvar nossas lagoas.
Maria Lucia
Massot - Rio de Janeiro.
Jornal do Brasil,
Opinião dos Leitores, segunda-feira, 27 de março de 2000
IPTU
-
O JB
registrou, em 24/3, a intenção do prefeito Conde de ampliar o
número de contribuintes do 1PTU, reduzindo as isenções em áreas
beneficiadas pelo Favela Bairro. Em princípio concordo com a
medida: o pagamento do imposto deve ser entendido também como um
direito do cidadão. Sugiro, contudo, revisar toda a política de
renúncia fiscal da prefeitura. O setor hoteleiro, por exemplo, em
1997, foi beneficiado com isenção de R$ 4.000.000 para 423
imóveis, enquanto para habitação de baixa renda a renúncia foi de
R$ 1.200.000 para 260.000 imóveis.
Romay Conde
Gorda - Rio de Janeiro.
Jornal do Brasil,
A opinião dos leitores, segunda-feira, 27 de março de 2000
Desabafo
-
Gostaria de
deixar aqui meu protesto contra a falsa propaganda divulgada pela
prefeitura para atrair turistas, dizendo que o Rio está pronto
para nos receber. Encontrei os seguintes problemas que não
aconteceriam em cidades civilizadas em qualquer parte do mundo:
visitar o Cristo e tirar fotos de andaimes de obras é indecente;
andar de pedalinho no meio de peixes podres na Lagoa é imoral;
passear no Aterro em meio a mendigos é assustador; passear com
crianças no calçadão de Ipanema, ameaçadas por pitbulls, é
ser irresponsável; tomar banho nas praias poluídas da Zona Sul é
ser idiota; visitar a Região dos Lagos, que possui uma avenida
linda chamada Via Lagos, pagar R$ 5,70 e ser ameaçado por
pardais eletrônicos colocados estrategicamente para pegar turistas
distraídos com suas belezas - pois as variações de velocidade são
tão grandes que colocam motorista, durante todo o percurso, mais
preocupado e tenso com os pardais do que feliz com o passeio - é
burrice. Enfim, o Rio de Janeiro, é uma decepção para o turista e
com certeza para quem vive do turismo.
Paulo Pedro
Pimenta - Porto Alegre.
Jornal O globo,
Cartas dos leitores, sexta-feira, 7 de abril de 2000
Alma carioca
- A ignorância, a demagogia
ofendem o vernáculo com piedosas pérolas, como "favela-bairro",
"menino de rua" e outros quejandos, mas, no caso concreto, nos
interessa a existência das favelas. No Rio, os morros são a alma
carioca. Por isso, cantar o Rio, para não soar falso, exige
venerar os morros, isto é, exige dar prioridades aos morros. O
cidadão consciente quer a urbanização nos morros, quer que ricos e
pobres neles morem e convivam fraternalmente. Para cada condomínio
de cem apartamentos de luxo, que sejam construídos conjuntos
habitacionais modestos para dez mil moradores humildes e honrados.
ANTONIO PINTO RAMOS
(31/3), Rio
Jornal do Brasil,
A opinião dos Leitores, segunda-feira, 10 de abril de 2000
Encostas
-
A Rocinha e o
Morro Dona Marta são o testemunho mais eloqüente da omissão da
autoridade municipal no que diz respeito à preservação das
encostas nos morros. É necessário que o prefeito, um urbanista,
adote medidas que impeçam a expansão das favelas localizadas nas
encostas dos morros. Isso é possível e fácil de realizar. Exemplo:
a rápida derrubada de edificações e delimitação da favela que se
formou no morro onde se localiza a desembocadura do Túnel
Rebouças, no Rio Comprido. Outro exemplo: o magnífico parque
ecológico em frente à Lagoa Rodrigo de Freitas, onde outrora
existiu a favela da Catacumba. Posteriormente à delimitação, há
que se estudar o acesso amplo e fácil ao topo dos morros onde se
localizam as favelas. Essa via permitirá à policia, com mais
segurança e eficácia, chegar até lá para proteger a população e
combater os bandidos. Por último, deve-se pensar em localizar no
topo dos morros favelizados um posto de saúde, um posto
policial, uma escola e um templo de culto ecumênico. Dessa forma,
não haverá espaço para e sim para a ordeira e laboriosa população
que habita as encostas dos morros. E até os turistas poderão
usufruir, com paz, da magnífica paisagem com que Deus privilegiou
a cidade.
João Maria F.
Valente - Rio de Janeiro.
Jornal O Globo,
Carta dos leitores, domingo, 16 de abril de 2000
Invasões de
encostas
- Li com profunda revolta a
reportagem sobre as invasões de encostas nos morros dos Cabritos e
da Saudade. Serei o único a achar que pessoas que invadem áreas de
proteção ambiental, e que sejam "reassentadas dentro da
comunidade" nos limites do Favela-Bairro, foram beneficiadas por
suas transgressões? O Favela-Bairro não está sendo executado para
que não houvesse mais esse tipo de solução? Para que servem as
demarcações do Programa Favela-Bairro? Também vou me candidatar a
invadir uma área de grande beleza natural, próxima à praia e com
vista para a Lagoa. Alguém me acompanha?
DANIEL BERTOLOSSI BIATO
(10/4), Niterói, RJ
Jornal O Globo,
Carta dos Leitores, 21 de abril de 2000
Desmatamento
-
Li que as
autoridades estão prestes a demolir 26 casas de uma rua da Gávea
que, ao serem construídas, agrediram a Mata Atlântica. Muito
louvável. Gostaria de saber o que as autoridades vão fazer com
relação a Rocinha, que deu a volta na crista da montanha e a cada
dia derruba mais árvores para continuar a se expandir.
DARIO DE MENDONÇA E SOUZA
(por e-mail 19/4), Rio
Jornal do Brasil,
A Opinião dos leitores, terça-feira, 9 de maio de 2000
Calçadas
- Decreto municipal que prevê
multas a respeito de calçadas traz à baila importante tema.
As prefeituras, câmaras de vereadores, planos diretores de hoje ou
de ontem, atendendo ao interesse de bares e restaurantes, permitem
que se coloquem mesas e cadeiras nas calçadas, privatizando o mais
público dos direitos: o de ir e vir. É um absurdo! Ao submeterem à
exploração econômica de uns poucos o espaço que é por direito
natural de todos, estão sendo incivilizados. Depois não reclamem
se criarem o MSC: movimento dos sem-calçada.
Luiz Eduardo Silva
Cerqueira - Rio de Janeiro.
Jornal do Brasil,
A Opinião dos leitores, quarta-feira, 10 de maio de 2000
Calçadas
- Agora temos um decreto,
assinado pelo prefeito, que multará os proprietários de imóveis
que não cuidarem das calçadas correspondentes aos mesmos. Tudo
bem. E quando a calçada já tiver sido loteada pela prefeitura para
instalação de telefones públicos e abrigos de paradas de ônibus
com propagandas de sorvetes e outras? Muitos ganham nessas
calçadas (Telemar, Nestlé, diversas linhas de ônibus, táxis), pois
fazem do local um ponto comercial, movimentado por pessoas que as
danificam e sujam. É justo que o condomínio ou o proprietário se
responsabilize pelas conseqüências disso? Nunca fomos questionados
sobre se concordávamos com essas distribuições em frente aos
nossos imóveis. E quando o abrigo é usado como dormitório por
estranhos, que nos atemorizam e fazem ali sua necessidades
fisiológicas?
Ricardo Gomes Magalhães - Rio de
Janeiro.
Jornal O Globo,
Cartas dos Leitores, terça-feira, 16 de maio de 2000
Vida na
favela
-
A vida das
comunidades carentes em zonas não regidas pela legislação
urbanística não é fácil. Fora várias e sabidas restrições
socioculturais, o morador convive com um microclima hostil gerado
pelo adensamento a, das construções. Em boa hora a Prefeitura,
consciente da permanência de seus moradores nesses locais, resolve
estabelecer critérios legais de uso e ocupação do solo.
Entretanto, parece interessante lembrar que se legisla sobre esta
matéria para garantir a segurança das habitações e sobretudo as
condições de salubridade dos moradores. Isto significa acesso ao
sol, à luz natural, a uma renovação de ar que permita resfriar
naturalmente os ambiente internos, ao sombreamento das vielas e
ruas, para um microclima externo minimamente saudável.
CLÁUDIA BARROSO-KRAUSE
(por e-mail, 14/5), Rio)
Jornal O Globo,
Carta dos leitores, domingo, 21 de maio de 2000
Lei nas
favelas
-
A Prefeitura
do Rio tem espalhado por toda a cidade outdoors dizendo que
o projeto Favela-Bairro é o maior projeto social do mundo.
Realmente o é, mas me parece que se revela na prática, uma vez que
o traficante de drogas ali continua encastelado, impondo suas
"leis", mantendo toda uma comunidade sob o seu jugo, aterrorizando
os bairros circunvizinhos com tiroteios, todas as vezes em que há
disputa pelo controle de vendas das drogas, ou induzindo a
comunidade a realizar apedrejamentos e bloqueio de ruas, quando a
policia sobe o morro para enfrentá-los e alguém acaba morto. O
recente episódio de Copacabana nada mais é do que a repetição de
tantos outros. E não nos iludamos. Fatos como esse se sucederão
enquanto o bandido dali não for posto para fora. Dessa
forma, não há Favela-Bairro que resolva.
ERNESTO SECUNDINO (por
e-mail, 17/05), Rio
Jornal do Brasil,
A Opinião dos Leitores, segunda-feira, 29 de maio de 2000
Ocupação
-
Ou o Rio
controla as favelas ou as favelas acabam com o Rio (o que já está
acontecendo). Para encontrar solução para esse problema social e
criminal, a objetividade toma-se essencial. O combate ao crime na
favela é impositivo, mas deve ocorrer simultaneamente com soluções
sociais. A policia, infelizmente desmoralizada pelas ações de maus
elementos e pela má vontade da imprensa, pouco consegue. Resta ao
Exército cumprir o duplo objetivo: ocupação, com expulsão dos
marginais, e construção de creches, escolas primárias, postos de
saúde, execução de projetos de saneamento e limpeza com posturas
municipais específicas. As unidades do Exército deveriam sofrer
rotatividade acelerada para evitar contaminação, e possivelmente
um estado de emergência localizado teria de ser implantado
temporariamente. As despesas de tal programa seriam muito menores
do que o custo social e financeiro que hoje pagamos. Não parece
razoável chamar de "moradores de favelas" os arruaceiros ligados
ao tráfico que sempre agem após cada intervenção da polícia. Os
verdadeiros moradores que sempre agem após cada intervenção da
polícia. Os verdadeiros moradores querem se ver livre dos
traficantes, mas não acreditam que a polícia ofereça solução. .
Pedro da Cunha -
Rio de Janeiro
Jornal do Brasil, A Opinião dos Leitores, segunda-feira, 20 de
maio de 2000
Lei paralela
-
Vivemos em uma
cidade onde existem as leis do poder constituído e outra, a do
poder paralelo. De um lado, esbarra-se na burocracia do Estado
para se constituir uma microempresa, para se realizar uma pequena
obra em casa, e há rigor para o automóvel estacionado em
local proibido; de outro, tudo é permitido: a construção de
casa em pleno canteiro central da Estrada Menezes Cortes (em
frente ao Hospital Cardoso Fontes) e o estacionamento de
automóveis - e de carcaças de automóveis - nessa mesma estrada,
onde as oficinas colocam cones reduzindo a pista quase à metade.
Sérgio Moura -
Rio de Janeiro.
Jornal O globo, Cartas dos
Leitores, sábado, 3 de julho de 2000
Não entendi
-
Francamente
não entendi a idéia do prefeito Conde de construir o Centro
Olímpico da Rocinha sobre terreno da auto-estrada Lagoa-Barra e em
forma de passarela. Além de custar o triplo do que custaria se
construído em terra firme (terreno é que não falta),
proporcionaria de imediato uma expansão natural da favela para os
terrenos que margeiam a Av. Niemeyer, destruindo assim a já tão
castigada Mata Atlântica.
MARCO ANTONIO DE ANDRADE RAMOS
(por e-mail, 2/6), Rio
Jornal O Globo,
Carta dos Leitores, quarta-feira, 21 de junho de 2000
Turismo
prejudicado
-
O Rio de
Janeiro é a porta de entrada do Brasil e poderia gerar bilhões de
dólares e milhares de empregos apenas com o turismo se não
vivêssemos situações insólitas. Quem deixa o Aeroporto
Internacional percorre a Linha Vermelha. De um lado, só favelas;
do outro, um esgoto. Esta não deveria ser uma área nobre da
cidade? Não poderiam as favelas ser relocadas ao longo dos anos e
disponibilizar estas áreas para outras finalidades? Na Zona Sul,
os turistas deparam-se à noite com a prostituição descarada
ao longo da Av. Atlântica. De dia, ao irem à praia, constatam que
Copacabana, Ipanema ou Leblon são na verdade esgotos. Que dizer do
Vidigal? Não era para ser ocupado por restaurantes e hotéis? Não
tem uma das vistas mais bonitas do mundo? O que aconteceu? Virou
um favelão.
ROBERT MICHELSEN
(por e-mail, 18/6), Rio
Jornal O Globo, Cartas dos
Leitores, quinta-feira, 20 de julho de 2000
Remoção de
favelas
-
Com a
reportagem "Favelas à beira da Avenida Presidente Vargas", de
16/7, O GLOBO mostrou a realidade da falta de providências para
acabar com essas invasões. Até casas de alvenaria com dois andares
estão sendo construídas em áreas do Metrô, embaixo de viadutos,
trevos, passarelas. O Metrô diz que abre processos para
reintegração de posse há mais de 20 anos. Daqui a pouco teremos
favelados utilizando o direto do usucapião. Não posso deixar
de citar Carlos Lacerda. Se não fosse ele, o câncer das favelas
estaria no Morro Macedo Sobrinho, na Catacumba, em volta da UFRJ,
na Praia do Pinto, no Pasmado. É só consultar os Jornais da época
e seguir o exemplo. Remoção já!
ARISMAR SENTO SÉ DE CARVALHO
LEITE
(17/07) Rio.
Jornal O
globo,Carta dos Leitores, domingo, 23 de julho de 2000
Menos
favelas
-
Quero
parabenizar o leitor Arismar Santo Sá de Carvalho Leite pela feliz
citação (20/7) de Carlos Lacerda, que acabou com algumas favelas
do Rio. Na época (1960) infelizmente o Exército não deixou acabar
com a favela da Babilônia e Chapéu Mangueira. Muita gente
hoje se arrepende: na favela toda só existem algumas árvores.
LINA MOREIRA
Jornal O globo,
Carta dos Leitores, quarta-feira, 26 de julho de 2000
Remoção de
favelas
-
É com imenso
pesar que li as cartas enviadas por pessoas supostamente
informadas sobre as favelas. Desde o início do século várias
tentativas de resolver o problema foram feitas. Entre as mais
antigas está a idéia da remoção, que atingiu seu auge no período
da ditadura, com muito derramamento de sangue e, ao contrário do
que algumas pessoas acreditam, trouxe como conseqüências o
ressentimento, o poder paralelo e o aparecimento de novos focos
marginalizados na cidade. Não é possível que às portas do século
XXI existam pessoas que se refiram aos favelados como detritos que
devem ser eliminados.
EDUARDO TRELLES
(por e-mail, 25/7), Rio
Jornal O Globo,
Cartas dos Leitores, terça-feira, 15 de agosto de 2000
Mão-de-obra
local
-
A respeito da
carta "Emprego na favela" (31/7), gostaríamos de informar que o
Favela-Bairro, além de fazer uma intervenção urbanística e social,
dá emprego aos moradores das áreas beneficiadas. Cerca de 50% da
mão-de-obra empregada nas 58 comunidades com obras em andamento
são oriundos do próprio local. Além disso, 1.972 garis
comunitários cuidam da limpeza da comunidade onde residem. Nas 24
creches trabalham 552 pessoas, a maioria mulheres. Até o final do
ano 332 agentes da política habitacional e 600 agentes
comunitários de saúde estarão em atividade.
JORGE DE
OLIVEIRA RODRIGUES, secretário municipal de Habitação (11/8),
Rio
Jornal O Globo, Carta dos
Leitores, quarta-feira, 31 de janeiro de 2001
Favelas
cercadas
-
A reportagem
"Cercas para frear as favelas" (29/1) me faz lembrar as Zonas de
Proteção Ecológica que foram projetadas, em 1980, na Secretaria
municipal de Planejamento, dentro do Programa de Proteção ao Meio
Ambiente. Observamos que as áreas localizadas acima da cota de
100m perdem o interesse econômico e a conseqüente vigilância do
proprietário, porque são
non aedificandi, tornando-se mais acessíveis à favelização.
A ZPE seria uma faixa delimitada a partir da cota 100, na qual se
permitiriam atividades econômicas agrárias, como o cultivo de
árvores para fins econômicos (para o qual se poderiam estender
programas de incentivo então existentes). Havendo atividade
econômica, não haveria favelização, que tampouco seria atrativa a
cotas acima de uma ZPE - era a nossa tese. A cidade evoluiu, as
ZPE então projetadas já não seriam as mesmas, porém valeria a pena
consultar esse projeto, nos arquivos da Secretaria de Planejamento
ou de Meio Ambiente.
JOSÉ FELÍCIO
HADDAD
(por e-mail, 30/1), Rio
-
Age bem a
prefeitura do Rio quando tenta conter o crescimento das favelas,
cercando-as. Agiria melhor ainda se promovesse uma grande campanha
- com ajuda da sociedade, do estado, da União e, se necessário, de
organismos internacionais - para erradicar definitivamente as
favelas que se instalaram em locais de impossível urbanização,
construindo conjuntos habitacionais com a necessária
infra-estrutura para os moradores. Morro não é lugar de barracos,
mas sim de árvores. Barraco não é lugar de gente, mas sim depósito
da incompetência do poder público e do conformismo da população.
LUIZ CARLOS M. NOGUEIRA
(por e-mail, 29/1), Bangcoc, Tailândia
Jornal O
Globo, Cartas dos leitores, quinta-feira, 1º de fevereiro de 2001
Cerca nas
favelas
- Não bastava que os favelados
vegetassem num mundo sem conforto, sem higiene, sem assistência,
para que agora planejem lhe tirar seu bem mais precioso: a
liberdade. O GLOBO de 29/1 estampa na primeira página prefeitura
vai cercar favela do Rio. Os cidadãos que não têm condições de
morar senão nas favelas vão assemelhar-se a detentos. A prefeitura
pretende assentar favelados em casarões em ruínas na periferia da
cidade e na região do Cais do Porto. A Justificativa é que os
casarões custariam em torno de R$ 18 mil cada um. Uma pechincha.
Mas não se deteve no fato de que esses prédios não oferecem
segurança podendo ruir de uma hora para outra.
ERNANI MARTINHO D'OLIVEIRA
(30/1), Rio
- É inacreditável que um
prefeito que já exerceu mandato anterior pretenda cercar favelas
para impedir seu alastramento, e prometa "comprar casarões velhos
no Centro da cidade e no Cais do Porto, até 18.000 reais, para ali
assentar os carentes".
WERNER NEHAB
(por e-mail, 29/1), Rio
Jornal O
Globo,
Cartas dos Leitores,
quinta-feira, 8 de março de 2001
Favelas
cercadas
-
É boa a
iniciativa do prefeito Cesar Maia de implantar o programa
Preservando o Verde do Rio, conforme noticiado pelo GLOBO em 7/3.
É com tristeza que vemos áreas verdes como o Morro do Vidigal e do
Leme sendo devastadas impunemente para permitir o aumento insano
das favelas. O prefeito teve a excelente idéia e a coragem de
mandar cercá-las. Se isso tivesse sido feito há 30 anos, hoje o
Rio seria mais digno do título de cidade maravilhosa.
JOSÉ AUGUSTO AZEVEDO
(por e-mail, 7/3), Rio
Jornal O Globo,
Cartas dos leitores,
domingo, 30 de setembro de 2001
Discussão
inútil
-
É uma
discussão inútil saber quem deixou as favelas se instalarem nesse
ou naquele lugar. O cidadão não quer saber quem permitiu que
crescessem, mas sim quem vai acabar com elas. É sabido que os
governantes atuais e os anteriores não têm coragem para mexer com
isso, pois, afinal, trata-se de mexer em muitos votos. Melhor é
deixá-las aparecer e crescer e depois fazer projetos do tipo do
Favela-Bairro, em que se legaliza e se oficializa a invasão.
LEONARDO REBELO
(por e-mail , 25/9)
Rio.
Jornal O
Globo, Cartas dos leitores,
sexta-feira, 12 de outubro de 2001
Legalizar
favelas
- Um grande absurdo esse
Estatuto das cidades, que vai legalizar as favelas com mais de
cinco anos. No Rio de Janeiro, onde nem o governador nem o
prefeito combatem a proliferação de favelas, vamos virar o estado
mais favelizado do Brasil. Os políticos não gostam de retirar
favelas com medo de perder o grande número de votos proporcionados
por elas. E quem não mora nelas como fica? Lembro que a
Constituição federal determina que União, estados e municípios
devem zelar por nossas paisagens, preservar matas e florestas, e
proteger o meio ambiente.
LEONARDO RABELO
(por e-mail, 10/10), Rio
Jornal O Globo,
cartas dos leitores, terça-feira, 24 de dezembro de 2001
Cidade
dividida
-
A reportagem
"Cidadania a ferro e fogo nas favelas do Rio" (23/12) explica o
porquê do gradeamento das residências e das praças públicas, do
avanço de sinal à noite, do medo de balas perdidas, assaltos e
seqüestros relâmpagos. Desde há muito uma ameaça paira sobre a
sociedade: o morro vai descer. Já desceu, caracterizando-se o
conluio do crime organizado com o desorganizado. Essa mistura, por
si só explosiva, vem sendo reforçada pelo fomento fratricida da luta
de raças, classes, que visa à fratura da coesão social. O mais
preocupante nisso tudo é a omissão do Estado, ao que se aliam
organizações nacionais e alienígenas que alimentam um estado de
coisas que intranqüiliza os homens de bem.
JORGE B. RIBEIRO
(por e-mail, 23/12, Rio)
Jornal O Globo,Carta dos
leitores, sexta-feira, 28 de dezembro de 2001
Déficit habitacional
- Favelas
como a Rocinha ou o Vidigal não param de crescer.
Até quando a prefeitura vai permitir que a floresta
seja derrubada para dar lugar aos barracos? E não é
demolindo casarões antigos em Botafogo ou no Catete
que será resolvido o problema de habitação na
cidade.
RODRIGO SIQUEIRA DE SOUZA
(via Globo On Line, 23/12), Rio
Jornal O Globo, Cartas dos
Leitores, quinta-feira, 27 de dezembro de 2001
Chuvas e perdas
-
Todos sabem os reais motivos dessas tragédias
causadas pelas enchentes: casas construídas em
morros e favelas sem qualquer planejamento e lixo
jogado nas encostas, em rios, valas, bueiros, sem a
menor cerimônia. Eles chegam, constroem suas casas
e se recusam a sair mesmo sendo avisados do perigo.
Depois, quando acontecem as tragédias, perguntam:
"o que vamos fazer agora? Não temos para onde ir, o
que vou fazer agora com meus 10, 15, 20 filhos?
Chega! não somos responsáveis por isso.
MARCOS SANTORO
(por e-mail, 26/12), Rio
- Vejamos:
os desabamentos ocorreram porque pessoas jogam lixo
nas encostas. Mas elas jogam lixo nas encostas
porque moram em áreas de risco; e elas moram em
áreas de risco porque o poder público permite, ou
seja, o governo é omisso e conivente.
FERNANDO BARREIRO
(por e-mail, 25/12), Rio
Jornal O Globo,Carta dos
leitores, quarta-feira, 30 de janeiro de 2002
- Guerra
urbana
Nesta terça-feira, 29/1, leio as manchetes: em São
Paulo, aposentado se perde em favela e é executado;
confronto entre PM e moradores de favela no Rio
deixa quatro feridos e, durante o conflito, os
moradores atearam fogo em dois ônibus e um carro, e
apedrejaram dezenas de veículos estacionados na
região. Além disso, interditaram ruas e avenidas
com barricadas de pneus em chamas. São exemplos de
uma violência gerada pela favelização das capitais,
consentida pelas autoridades federal, estaduais e
municipais, que insistem em tapar os olhos ao
maléfico resultado da ocupação urbana desordenada.
Um grande esforço deve ser feito para desmobilizar
tais focos, essencialmente erradicando-se barracos
por moradias dignas, arruamentos, saneamento, e
apoio social. Programas como favela-bairro e outros
do mesmo quilate só dão mais conforto aos que
realmente controlam as comunidades: os bandidos.
LUCAS DEL'SORT
(por e-mail, 29/1), Teresópolis, RJ
- Acabo de ler
no GLOBO que mais uma guerra aconteceu nos morros
do Rio Comprido e em ruas próximas com queima de
carros e ônibus. Uma enxurrada de cartas e artigos
mostra que a violência já está levando o cidadão
pacífico e ordeiro à revolta contra este estado de
insegurança. Mortes estúpidas de autoridades e de
pessoas importantes estão levando os políticos a
brincar com a verdade. É só papo furado e
propaganda política visando às próximas eleições. O
aparelho policial corrupto e despreparado física e
materialmente nada faz para nos garantir a paz para
o trabalho honesto e o ir e vir que nós merecemos.
Acredito que somente as Forças Armadas, a única
instituição ainda confiável, poderão dar um basta
nessa situação.
ARISMAR SENTO SÉ DE CARVALHO LEITE
(por e-mail, 29/1), Rio
Jornal O Globo, Cartas dos
Leitores, sexta-feira, 8 de fevereiro de 2002
Favelização do Rio
- A respeito da
reportagem sobre o grande crescimento das favelas
no Rio de Janeiro, é fácil entender por que isso
acontece. É por causa da tolerância das
autoridades. Hoje é fácil construir irregularmente
um barraco, ou até casa de alvenaria. É preciso que
as autoridades ajam com rigor para controlar essas
construções, pois esse crescimento implica
diretamente o desmatamento de áreas verdes e a
degradação da vida urbana para toda a sociedade. E
ainda pode acabar em tragédia em épocas de chuva.
MARCOS DE LUCA ROTHEN
(por e-mail, 7/2), Niterói, RJ
- “Favelas
crescem em ritmo quase quatro vezes maior”, diz O
GLOBO de 7/2. Neste crescimento está o resultado da
acomodação dos governantes que poderiam modificar a
situação, mas não o fazem por temer a rejeição das
comunidades na hora do voto. E quando tomam alguma
atitude, sempre há algum vereador da oposição
pronto para tumultuar e obter liminares contra a
remoção. O Rio de Janeiro está à mercê de um
crescimento desorganizado, improvisado. Como
resultado vimos a guerra entre policiais e
traficantes no dia 6, em Bonsucesso; vimos os
grupos de combate ao dengue descartando o ingresso
nas comunidades da Tijuca, pois lá a autoridade é
outra. Até quando?
JOSÉ MEDEIROS
(por e-mail, 7/2), Rio
Jornal O Globo, Carta dos leitores, sábado, 09 de fevereiro de
2002
Favelas crescentes
- A reportagem
sobre as favelas e o crescimento demográfico pede
um estudo mais apurado, pede uma mesa-redonda para
discutir já o planejamento familiar. Não é de hoje
que a mídia divulga a miséria no país, e são sempre
pessoas com muitos filhos. E as conseqüências
aparecem todos os dias.
ANTÔNIO JOÃO JARDIN
(por e-mail, 8/2), Rio
- Queria lembrar
que a maioria das pessoas que moram nas favelas é
formada por pessoas de bem, trabalhadoras, e que
suas comunidades, independentemente de onde estejam
localizadas, são as que menos recebem ajuda dos
governantes. Ao criticar as favelas, a sociedade se
esquece de que as pessoas não estão lá porque
querem, mas porque não têm outra opção. Para tentar
evitar o crescimento das favelas, basta os governos
municipais e estadual, em conjunto, investirem na
habitação popular, em lugares próprios e dignos,
incentivando a população a construir nesses locais
e o governo federal investir nos moradores do
campo, combatendo a seca e incentivando a
agricultura, para que eles não deixem suas terras
para tentarem uma vida “melhor” nas cidades.
FÁBIO RANGEL
(por e-mail, 8/2), Niterói, RJ
- O GLOBO
publicou dia 7/2 reportagem sobre dados do IBGE
mostrando que entre os dez bairros com menor taxa
de crescimento populacional estão Centro, Zona
Portuária, Rio Comprido, São Cristóvão e Santa
Teresa, ou seja, áreas próximas ao mercado de
trabalho e dotadas de amplo sistema de transporte.
É o caso de a prefeitura, juntamente com os
empresários, pesquisar os motivos desse
esvaziamento e propor novos instrumentos que
otimizem a ocupação dessas áreas, em vez de
projetar a ocupação urbana para locais distantes e
desprovidos de qualquer infra-estrutura.
DAVID CARDEMAN
(por e-mail, 8/2), Rio
Jornal O Globo, Cartas dos Leitores,
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2002
Problemas repetidos
-
Assistimos com tristeza e revolta ao estado a que
foram conduzidas nossas
cidades. Falo do Rio e de tantas outras cidades do
país. São alagamentos com
qualquer chuva mais forte. A cada chuva, mais
vítimas e desabrigados.
Cidades tomadas pela população de rua, tomadas pela
insegurança e pela
violência crescentes. Cidades tomadas pelo comércio
ambulante, conseqüência
do desemprego que cresce. Cidades onde se repete a
cada verão a epidemia de
dengue. Os que governaram nossas cidades sempre
apregoaram a excelência de
suas administrações; no entanto, o que vemos são os
mesmos problemas se
acumularem por governos e governos.
PAULO SÉRGIO R. ARAUJO
(por e-mail, 2/2), Rio
Jornal O Globo, Carta dos
Leitores, quarta-feira, 5 de junho de 2002
Desviando da favela
- Li que a
prefeitura, a pedido do Exército, vai duplicar a
Estrada do Camboatá, em Deodoro, para que seja
possível entrar e sair da Vila Militar sem cruzar
os acessos à Favela do Muquiço. Deve ser mesmo
muito desconfortável o militar, indo para o
quartel, ter de esbarrar com bandidos no caminho.
Tenho uma sugestão: por que não levar esses
quartéis para regiões mais tranqüilas? São
Lourenço, Caxambu ou Campos do Jordão?
RUBEM PAES
(por e-mail, 4/6), Niterói, RJ
Jornal O Globo, Cartas dos
Leitores, segunda-feira, 10 de junho de 2002
Via ameaçada
- Vejo com
apreensão novas favelas que tanto perturbam a vida
na cidade do Rio de Janeiro. Agora estão surgindo
duas novas favelas na Avenida Automóvel Clube,
junto à Estação do Metrô de Inhaúma e ao lado da
Ceasa em Colégio. São necessárias providências
urgentes da prefeitura antes que fique
inviabilizado o tráfego na Linha Verde.
EMÍLIO AMARAL
(por e-mail, 4/6), Rio
- Fiquei
assustado com a notícia de que o Exército tomou
medidas para evitar que militares passem perto de
uma favela dominada por traficantes. Se o Exército
evita o confronto — não faço nenhuma recriminação
aos militares — o que eu, simples cidadão
desarmado, posso fazer para me proteger? Precisamos
cobrar de nossa classe política uma atitude
enérgica e rápida para combater o poder paralelo,
antes que seja tarde.
LUÍS ANTÔNIO C. P. DA MOTA
(via Globo On Line, 5/6), Rio
Jornal O Globo, Cartas dos
Leitores, segunda, 17 de junho de 2002
Cidade maltratada
- Nos
últimos dez anos foram construídas 170 mil novas
casas em favelas. Quem financiou essas moradias?
Quem permitiu a construção em áreas de preservação
florestal, em terrenos do estado e em terrenos
privados? Será que um punhado de votos de cabresto
dessas comunidades vale o caos em que todos
vivemos, com o fim da possibilidade de crescimento
do turismo, o desmatamento, a redução de
investimentos e a insegurança crescente?
RICARDO JOSÉ NICOLAS DE MESQUITA
(por e-mail, 13/6), Rio
Jornal O Globo, Carta dos
Leitores, quarta-feira, 19 de junho de 2002
Ocupação social
- Por razões de
trabalho visitei uma favela no último fim de
semana. Portanto, considero incrível que as
autoridades ainda insistam em ocupação social ou
instalação de batalhões nas favelas. A favela é
gueto, tanto geográfico como social. Sem que ocorra
uma mudança no seu traçado urbano, incluindo as
residências dos moradores, a promiscuidade
continuará imperando. As habitações na maioria
dessas favelas são insalubres. Acabar com o gueto,
isso é o fundamental. Mas não basta fazer cursinhos
de informática ou de corte e costura. É necessário
uma política firme e sem paternalismo.
MARCOS DA SILVA NEVES
(por e-mail, 18/6), Rio
- Gostaria de
saber a quem as autoridades estão querendo enganar
ao anunciar ocupação social do Complexo do Alemão.
Ocupação social não afasta e nem intimida os
traficantes. Achar que as pessoas da comunidade com
essa ação vão se opor ao poder do tráfico é pura
fantasia. Já está mais do que na hora de as
autoridades pararem de achar que a desigualdade
social é a única raiz dessa violência, e atacar
esse problema de frente. As pessoas de bem, que são
as verdadeiras vítimas dessa desigualdade social,
não matam, não roubam, não traficam.
JOSÉ ANTÔNIO PORTELLA DA SILVA
(por e-mail, 17/6), Rio
Jornal O Globo, Carta dos
Leitores, quarta-feira, 22 de maio de 2002
Razões do inchaço
O GLOBO de 19/5 mostra uma pequena imagem da
favelização do Rio de Janeiro que, na verdade,
estende-se por todo o país em intensidade
crescente, gerando, ao lado da marginalidade
criminal, outra marginalidade, a social, que se
misturam e proliferam, tornando inúteis os
louváveis esforços de integração dos órgãos de
segurança, mesmo com a participação das Forças
Armadas. Polícia existe para conter os desvios de
uma sociedade organizada e não para conter uma
sociedade estruturada no desvio. Este estado de
degradação socioeconômica somente poderá ser
contido com a adoção de uma política de
planejamento familiar que forneça orientação e
recursos gratuitos para pôr fim à natalidade
irresponsável, que não mais encontra lugar no mundo
atual. Só assim, daqui a alguns anos, os graves
problemas de hoje não se transformarão em
verdadeiro caos social.
ARTUR DELAMARE
(por e-mail, 19/5), Rio
- O crescimento
do número de favelas no Rio de Janeiro é uma
conseqüência direta do descaso das autoridades com
a política habitacional, que foi enterrada com a
extinção do BNH na década de 80.
EMERSON RIOS
(por e-mail, 20/5), Niteroi, RJ
-
Finalmente um
veículo de imprensa fala do crescimento desordenado das favelas no
Rio de Janeiro e da destruição que isto provoca. Onde antes se via o
verde da Mata Atlântica surge a desordem social. Isto é inconcebível
e nos dá a sensação, mais uma vez, de total abandono por parte das
autoridades. É preciso que alguém tome uma atitude para conter o
crescimento das favelas e a destruição dos cartões-postais da
cidade.
ANA CAVALCANTI
(por e-mail
20/5), Rio
Jornal O
Globo,
Carta dos Leitores,
sábado, 25 de maio de 2002
Favela-Bairro
-
Finalmente o
secretário de Urbanismo resolveu se manifestar a respeito da
proliferação das favelas no Rio de Janeiro. O que está acontecendo
com o Morro do Vidigal, com a Rocinha e outros lugares é um absurdo.
De acordo com o projeto Favela-Bairro, não haveria aumento no número
de barracos, pois todos os moradores seriam cadastrados e haveria
fiscalização. Isso foi feito?
DANIEL BERTOLOSSI BIATO
(via Globo On Line, 21/5), Niterói, RJ
Jornal O Globo, Carta dos
Leitores, segunda-feira, 27 de maio de 2002
Favelas sem
limite
- Deixemos de
lado a hipocrisia sobre as favelas. Encaremos de
frente os problemas da favelização desenfreada. No
mundo não há um processo de favelização igual ao
que ocorre no Rio, onde todos os morros e áreas
livres vêm sendo assolados por mais de 700 favelas.
Não há uma única paisagem desta cidade onde não se
veja uma favela. E para cada nova favela temos um
aumento da violência, com tráfico de drogas e
guerra entre traficantes; enchentes em decorrência
do lixo acumulado; doenças pela falta de
saneamento; degradação ambiental com o
desmatamento; desequilíbrio das finanças pelo não
recolhimento de taxas, tributos e serviços;
depreciação patrimonial dos imóveis residenciais
vizinhos etc. O que verificamos é a conivência das
autoridades, que vêem nos favelados um invejável
eleitorado de um milhão de pessoas.
RODRIGO DA GAMA D'EÇA TEIXEIRA
(por e-mail, 20/5), Rio
Jornal O Globo, Cartas dos
Leitores, domingo, 23 de junho de 2002
- Discordo da
leitora Eleonora Ferreira Soares (18/6) quando diz
que teve a grande idéia de transformar as favelas
em condomínios fechados com guaritas guardadas pela
PM. Seria legalizar o ilegal, ou seja, as invasões.
HELENA M. CORREIA
(18/6), Rio
Jornal O Globo, Cartas dos
Leitores, domingo, 30 de junho de 2002
- Alma
carioca
É imperioso valorizar a “alma carioca”, cuja
essência é a convivência harmoniosa de ricos,
pobres, remediados. A desarmonia que ora vivemos
resulta do “miserabilismo”, que é a forma de
populismo que se interessa com simpatia pela
descrição da miséria e da gente humilde. A
prefeitura deve urbanizar os locais pejorativamente
chamados “morros”. É preciso conscientizar
engenheiros, arquitetos, urbanistas, para o
povoamento inteligente desses locais que passariam
a chamar-se colinas cariocas.
ANTÔNIO PINTO RAMOS
(21/6), Rio
- Como o modelo
Favela-Bairro consagrou-se como regra de ocupação
territorial, em vez de ser uma exceção, e visto que
os cidadãos já aceitam que não é mais possível nem
desejável erradicar as favelas, pode-se sugerir
apenas que, a exemplo das cidades medievais, elas
sejam modernizadas aos poucos. Uma solução para a
chegada dos serviços básicos da sociedade —
educação, saúde e justiça — aos cidadãos sitiados
nesse modelo-problema seria a derrubada de algumas
casas e a conseqüente pavimentação de estradas em
curvas desde a base até o alto do morro onde
atualmente estão instalados os QGs do narcotráfico.
Os moradores deslocados ganhariam uma casa nova.
PHILIP C. SCOTT
(por e-mail, 27/6), Rio
Jornal O Globo, Carta dos
Leitores, segunda-feira, 04 de julho de 2002
- Favelas do
Rio
A atitude do prefeito Cesar Maia de assinar um
decreto autorizando a legalização de construções
irregulares em favelas é, no mínimo, contraditória
considerando sua preocupação com a segurança
pública. Olhando para as favelas do Rio verificamos
que é necessário remover as construções irregulares
para que seja facilitada a abertura de acessos para
a polícia e a chegada de saneamento básico e demais
melhorias.
CARLOS ALBERTO DE MIRANDA
(por e-mail, 2/7), Rio
Jornal do Brasil, Cartas ao
Editor, domingo, 22 de dezembro de 2002
Moradias
- Partindo da
premissa de que a casa é o ponto de referência de
um homem no mundo, é inadmissível convivermos como
déficit habitacional atual. Ao planejar a criação
do Ministério da Cidade, Lula demonstra que está
montando uma máquina governamental voltada para
tentar resgatar a divida social. Além de já haver
determinado que o combate à fome será a prioridade,
sinaliza agora preocupação com o problema da falta
de moradias. Ele sabe que só através de agressivo
programa de construção de casas reverteremos a
situação vivida por legiões de miseráveis fria e
academicamente rotulados de moradores de rua. Não
podemos continuar convivendo com a situação do
Brasil de hoje, na qual morar em favela passou a
ser o "sonho de consumo" de grande parcela da
população.
Júlio Ferreira, Recife, por
e-mail
Jornal O Globo, Cartas dos
Leitores, terça-feira, 22 de abril de 2003
- Expansão de
favelas
O GLOBO de 20/4 informa que a prefeitura do Rio,
após um mapeamento concluído em maio de 2002,
descobriu mais 49 favelas e agora seu total chega a
752. O fato não deve surpreender pois, a continuar
o crescimento irresponsável da população pobre,
daqui a pouco teremos 1.000 ou 2.000 favelas. Sem
planejamento familiar não haverá distribuição de
renda que dê jeito.
ARTUR DELAMARE
(por e-mail, 20/4), Rio
O prefeito Cesar Maia, ao afirmar que no Rio não
estão surgindo novas ocupações, está mal informado
ou esconde a verdade. Para citar apenas uma, o
antigo galpão da Conab na Rua Leopoldo Bulhões, no
bairro de Benfica, no coração pobre da cidade, está
sendo invadido há meses e ninguém faz nada. No
local já existe o comércio clandestino,
característico das favelas, de frente para a rua,
que também já tem uma das suas faixas de rolamento
ocupada permanentemente pelos carros dos moradores.
Já enviei diversos e-mails, desde o início da
ocupação, à Ouvidoria da prefeitura e nenhuma
providência foi tomada. Para o prefeito a cidade se
resume às zonas Sul e Oeste.
ANTÔNIO CARLOS F. DE ARAÚJO
(por e-mail, 21/4), Rio
Há cerca de dois anos O GLOBO publicou uma
reportagem sobre o projeto de construção de cercas
ao redor das favelas visando a impedir a destruição
das matas do Rio. No entanto, a Favela do Vidigal
já pode ser vista de São Conrado e continua
crescendo. Também já se pode observar o crescimento
das favelas do Leme a partir da Avenida Atlântica.
Na Rocinha já há prédios de mais de seis andares.
Tudo isto ilegal, sem esgoto e sem segurança. E
quanto maior a favela, mais difícil combater o
tráfico, que a usa como refúgio. E a prefeitura não
faz nada.
JOSÉ AUGUSTO MOREIRA
(por e-mail, 19/4), Rio
Um pequeno exemplo de como as ações públicas não
são ágeis e eficientes na adoção de medidas para o
bem-estar da população/contribuinte pode-se
verificar na invasão promovida pelos sem-teto nas
instalações da antiga CCPL, em Benfica, e no leito
da linha férrea, a 100 metros daquela cooperativa.
Esses casos simbolizam o que há pelo menos 40 anos
ocorre na cidade e no estado: falta de ações que
proporcionem dignidade, cidadania, habitação,
saneamento, saúde, educação, oportunidade de
empregos, gerando revolta, desesperança,
promiscuidade e ociosidade, ingredientes favoráveis
à pronta ação dos traficantes.
LUIZ ANTÔNIO RIOS
(por e-mail, 14/4), Rio
Jornal O Globo, Cartas dos
Leitores, quarta-feira, 17 de fevereiro de 2003
- Favelas em
expansão
Concordo com os leitores Daniel Costa (2/12) e
Mauro Bernardo (13/12): as favelas estão crescendo
assustadoramente e o Favela Bairro precisaria de
uma velocidade estupenda para acompanhar. A
secretária de Habitação da prefeitura, Solange
Amaral, no artigo “Solução à carioca” (12/12), fala
do projeto como se ele fosse um sucesso, o que não
é verdade. O leitor Mauro chama a atenção para o
que está ocorrendo no Vidigal e na Rocinha, mas há
outras favelas menores que estão em franca expansão
e ninguém noticia. Em Laranjeiras, às costas do
Morro Santa Marta, as moradias vêm descendo em
direção ao bairro, como também está ocorrendo na já
falada Vila Alice. Não vemos integração alguma.
Apenas o crescimento desorganizado, que espalha
seus efeitos pelo bairro, com camelôs, pontos de
vans clandestinas atrapalhando o trânsito e motos
de pequena cilindrada, dirigidas por meninos sem
camisa e sem capacete, sempre com outro na garupa,
que passam velozes assustando pedestres e
motoristas.
MÁRCIA RUIZ
(por e-mail, 13/12), Rio
Jornal O Globo, Cartas dos
Leitores, quinta-feira, 18 de dezembro de 2003
- Projeto
para favelas
Junto-me à leitora Márcia Ruiz, que ontem criticou
o Favela-Bairro. Já estive em alguns morros que
adotaram o projeto. O que se vê é uma pequena área
reformada e o grosso continua do mesmo jeito. É bem
verdade que qualquer melhoria faz diferença para a
comunidade, mas isto é muito pouco diante da
propaganda do governo municipal. Neste sentido não
me surpreendeu o artigo “Solução à carioca”, de
Solange Amaral, secretária de Habitação da
prefeitura: trata-se apenas de mais um oba-oba sem
relação com a realidade das favelas. E essa
realidade é, por exemplo, a de ruas asfaltadas e
depois esburacadas por bandidos que não querem que
a polícia tenha acesso rápido ao alto dos morros,
onde estão encastelados. O verdadeiro Favela-Bairro
só vai acontecer quando desadensarem as favelas,
estabelecerem critérios de espaçamento entre as
casas, abrirem ruas, cobrarem taxas e impostos e
levarem os serviços públicos até a comunidade.
MÁRIO VERDI
(por e-mail, 17/12), Rio
Jornal O Globo, Cartas dos
Leitores, sexta-feira, 19 de dezembro de 2003 |
-
Casa demolida
Inúmeros bares, restaurantes e casas comerciais são
ampliados, com construções permanentes, usando as calçadas
e os recuos das ruas, prejudicando o trânsito de pedestres
e invalidando o plano urbanístico da cidade. Gostaria de
saber do prefeito por que não se adota o mesmo critério
para demolir também essas obras irregulares.
RONALDO SANTORO
(por e-mail, 18/12), Rio
|
|
Jornal O
Globo, Cartas dos leitores, segunda-feira, 18 de outubro de 2003
Favelização do
Rio
-
A recente entrevista
do prefeito reeleito Cesar Maia, sobre a dificuldade de conter a
expansão das favelas no Rio de Janeiro foi frustrante para todos
aqueles que, como eu, votaram ele. Sente-se uma total ausência de
projetos para o futuro de nossa cidade e jogo de empurra nas
responsabilidades, atribuindo exclusivamente às igrejas o
descontrole da natalidade e a conseqüente favelização da capital
fluminense. É no mínimo adotar a política do avestruz. A população
que votou em Cesar Maia merece uma resposta objetiva para esses
problemas concretos de nossa cidade.
RODRIGO VILAR
(via Globo Online, 12/10), Rio
-
Sou eleitora de Cesar
Maia e acho que ele está coberta de razão ao afirmar que o
crescimento das favelas está ligado à elevada taxa de natalidade na
população de baixa renda. Se os que discordam disso tivessem, como
eu, viajado para Teresópolis, na Região Serrana, no feriado do
último dia 12, teriam visto, ao longo da rodovia, as conseqüências
de não se implantar um planejamento familiar. Centenas de crianças
abandonadas à própria sorte, pedindo brinquedos e comida na via
pública. O Estado deve cumprir o seu papel de amparar essas
crianças, mas não pode ser, por outro lado. sobrecarregado quando os
próprios pais as colocam no mundo só para conseguirem mais uma fonte
de renda.
MARIA HELENA COBUCCI
(por e-mail, 12/10), Rio
-
A entrevista de Cesar
Maia sobre a impossibilidade de conter o crescimento das favelas
pode ter sido sincera, porém não nos conforta. Cidades grandes, como
o Rio de Janeiro, pagam o preço de um modelo de desenvolvimento
fortemente concentrador. E um problema mais de política nacional e,
por suas dimensões, deve demorar para ser resolvido. Investimentos
em educação, lógico, são prioritários, mas não são tudo. Junto a
isto, um intenso controle de ve ser exercido junto às áreas com
poten cial de crescimento desordenado, impedin do-se o aumento desta
ocupação que só resulta em mais problemas para todos. Aqui em
Friburgo, um projeto muito interessante está prestes a ser
implantado: a criação do Departamento de Engenharia Pública, que
unem irá os mais carentes na construção de suas moradias fazendo
projetos de forma a assegurar melhor qualidade e segurança dessas
novas construções.
GIOVANI DE SOUZA
PIMENTEL
(por e-mail 12/10), Nova Friburgo, RJ
Jornal O Globo, Cartas
dos Leitores, segunda-feira, 31 de maio de 1999
Melhorando Paquetá
- Há pouco
tempo uma reportagem no GLOBO mostrou que Paqueta é
o bairro mais tranquilo do município. Mas violência
não é somente ter assalto todo dia. É também a
falta de respeito pelo próximo. Neste bairro, a
maioria dos moradores ouve som em volume alto, os
cachorros têm donos mas andam soltos pelas ruas, as
encostas estão se favelizando rapidamente, as ruas
viram um lamaçal quando chove, o local de
recolhimento das charretes virou uma cabeça de
porco e a seu redor estão surgindo barracos. Onde
estão a região administrativa e a associação de
moradores?
NILZA DA SILVA
(21/05), Rio
Jornal O Globo,
Cartas dos Leitores, domingo, 21 de outubro de 2001
Sagüis em
Paquetá
-
O verdadeiro
problema dos sagüis em Paquetá não é o da sua superpopulação, mas
o da ocupação humana, que vem sendo feita em desacordo com as
posturas municipais. A população favelada aumentou
substancialmente e além disso verificou-se a construção de
residências em cotas acima das permitidas pelo código municipal.
Até a área do cemitério foi invadida com novas construções,
implicando o desmatamento da cobertura florestal, a extinção do
lençol freático e secando os poços que, na falta da CEDAE,
forneciam água para a população. E agora alguns moradores vêm
culpar os sagüis, chamando o lbama para resolver. Não é
problema para o Ibama, mas para a Secretaria de Obras, que tem por
obrigação fiscalizar as construções e obras irregulares.
ALCINÉA SALGADO
(por e-mail, 15/10), Rio
Jornal do Brasil, Opinião do leitor, 12 de julho de 2006
Sem-teto
-
Que
as recentes invasões a imóveis no Rio são preocupantes, ninguém
discute. Não bastassem as terras serem ocupadas por famílias
inteiras de desabrigados, agora são os prédios que ganham novos
moradores. A novidade incomoda, mas é preciso pensar no que leva
essas pessoas a invadirem casas alheias. Será que alguém se
preocupou antes em saber onde elas moravam? O que há é a histórica
falta de políticas públicas que atendam a essas pessoas, que lhes
ofereçam moradia decente. Esperamos que as autoridades, agora,
voltem os olhos para o problema.
José Evaristo Souto
Jacarepaguá, Rio
E difícil saber onde vamos parar. Falo da falta de
perspectiva de moradia para tanta gente. Como pode
faltar a moradia? Devemos, brasileiros, lembrar que
é item básico previsto na Constituição Federal. De
que vale a lei nestes casos? Claro, o direito à
propriedade privada está na Constituição e
continuam acontecendo invasões. O JB está jogando
limpo, dando voz aos dois lados da questão e
mostrando principalmente que a situação é grave.
Talvez por falta de uma autoridade central que dê o
exemplo, alguém mais rigoroso. Pena que rigor no
poder público seja artigo cada vez mais raro.
Oscar Mendes Figueira
Laranjeiras, Rio
Jornal do Brasil,
Cartas dos leitores, segunda-feira, 17 de outubro de
2005
Favelização
-
Já
que se tornou relativamente fácil
fazer um referendo, que tal
exigirmos um referendo no Rio de
Janeiro para saber se nós,
cariocas da gema, ou todos aqueles
que moram e adoram esta cidade,
somos a favor de as favelas
continuarem a crescer da forma que
vem acontecendo ou se somos
favoráveis à remoção, obviamente
com construção de casas decentes,
através de financiamento do
material de construção, concedido
pelo estado/município, com juros
reduzidos e isenção de taxas
durante um certo período? Os
recursos viriam do próprio IPTU
exorbitante que já pagamos e,
tenho certeza, agradaria demais
aos próprios moradores de bem das
favelas.
Henriette Granja,
Rio de Janeiro
Favela no Rio de
Janeiro é um
eterno dilema.
Urbaniza ou
remove? Esta
discussão e
indefinição
completam cinco
décadas. As duas
alternativas já
foram testadas.
Vila Kennedy,
Cidade de Deus,
etc, são modelos
de remoção. Favela
Bairro e
urbanização
resolveram o
problema? É
evidente que não.
As duas
alternativas, em
que pese as boas
intenções, não
focaram a questão
como um todo. Meia
dúzia de favelas
removidas e menos
de um décimo
urbanizada. Os
números das
favelas são
impressionantes: 1
milhão de pessoas
e 250 mil
moradias. Suas
conseqüências
imprevisíveis e
incontroláveis.
Decididamente,
deixou de ser um
problema
municipal. É, sem
a menor dúvida, de
segurança
nacional.
Antonio Negrão de
Sá, Rio de Janeiro
Jornal O
Globo, cartas dos leitores, 28 de março de 2007
Favelas
A
respeito da
verba para
urbanização das
favelas, há de
se pensar antes
numa política
de contenção à
expansão e de
remoção ágil e
eficaz, pois a
melhoria nas
condições de
vida do local
vai valorizar e
alimentar os
negócios
imobiliários,
proporcionando
novas invasões
e o crescimento
vertical. A
maquete da
proposta para
favelas do
Complexo do
Alemão
contempla um
imenso jardim,
totalmente
inviável
— se em áreas
nobres da
cidade o poder
público não dá
conta da
conservação de
espaços
públicos,
imagine nesses
locais. Basta
passar pela
Linha Vermelha
para ver a
estado das
quadras e das
áreas que
deveriam ser
ajardinadas na
Favela da Maré
—
mato alto,
árvores
mutiladas,
porcos
pastando,
depósitos de
carros velhos,
biroscas etc.
Com tantos anos
de experiência
em urbanização
de favelas
nesta cidade,
com todos os
desacertos
escancarados,
porque ainda se
insiste no
mesmo modelo,
ao invés de
procurar criar
condições mais
aptas à nossa
realidade
social?
Ana Maria de Sá
(por email,
26/3), Rio
É um absurdo a falta de visão do
projeto do governador de colocar
teleférico na Rocinha. Ora, todos
sabem, menos a governador, que sem
segurança não existe qualquer
outra atividade econômica ou
social. Está ai o exemplo do
famigerado Favela-Bairro da
administração anterior, que não
resultou em queda de criminalidade
e só incentivou a expansão das
favelas. O que a Colômbia fez
realmente foi, em primeiro lugar,
colocar a policia em quartéis nas
comunidades para depois colocar o
social (escolas, teleféricos,
saúde etc.). Vamos deixar de
demagogia e agir de forma
inteligente e viável. Senão, o que
vai acontecer os traficantes
cobrarem pedágio da comunidade.
EDISON
CUNHA
(por e-mail,
25/3), Rio
Não passam seis meses sem
que se veja anúncio de
investimentos na Rocinha: quando
não com obras, são projetos
sociais. Pergunto: por que só na
Rocinha? E as outras favelas? E a
Zona Oeste? Esquecidas por todos.
Deve ser porque a Rocinha está
próxima da Barra, onde mora grande
parte dos poderosos que não podem
ser incomodados com tiroteios e
tumultos
RONALDO JOSÉ AZEVEDO
NEIVA
(por e-mail, 24/3), Rio
Jornal O Globo, Cartas dos
leitores, segunda-feira, 13 de
agosto de 2007
Favelização
O crescimento
das favelas não
é um fato
isolado do Rio
de Janeiro.
Assim como em
outras cidades
do país, este é
um projeto bem
engendrado por
políticos para
se manter no
poder através
desses currais
eleitorais. O
acesso à
moradia por
meio de
invasões de
terras públicas
e privadas e a
destruição do
meio ambiente
são maisfáveis
que fazer
planejamento
urbano e rendem
muito mais
(POR
E-MAIL, 6/8)
RioNão nos
bastasse o asfalto
ruim, a falta de
sinalização ou
animais na pista,
agora surge a
favelização de
nossas estradas.
Uma nova ocupação
se estabelece às
margens da Estrada
do Mato Alto, em
Guaratiba, Rio.
Via de mão dupla,
estreita e
sinuosa, que
coloca em risco as
vidas dos
motoristas, dos
transeuntes desta
nova comunidade. E
a prefeitura
instalou, a alguns
metros, uma
lombada eletrônica
para nos fazer
sentir presas
fáceis desses
arruaceiros. Até
quando teremos
esta democracia
enlameada e
demagoga? Até
quando vamos
aceitar a omissão
do estado sobre os
nossos direitos?
LUIS CARVALHO
(por e-mail,
7/8), Rio
Jornal
O Globo,
Cartas dos
Leitores,
terça-feira,
25 de
setembro de
2007
Alô!
Prefeitura
Admira-me
essa
preocupação
com a
expansão das
favelas.
Claro que
isso só
poderia
acontecer,
até porque
lá estão os
redutos da
banda
populista da
política
carioca.
Combater o
quê, se têm
moradia de
graça, luz e
água. Net
pirata,
armazém de
tudo o que
se possa
imaginar?
Removê-las
nem pensar!
A realidade
é que
bairros já
viraram
favelas e,
se não
cuidarmos,
nossa cidade
será um
imenso
favelão.
Duvidam?
Benjamim
Curi Filho
(por e-mail,
24/09), Rio
Jornal O
Globo,
Cartas dos
Leitores,
quinta-feira,
16 de agosto
de 2007
Nova favela
Num momento de tomada de consciência acerca das horrorosas
consequências do crescimento desordenado _ tendo como ícone o
surgimento e a expansão de favelas por toda a outrora cidade
maravilhosa _ é desolador verificar que o poder público permanece em
sua inação acerca deste flagelo carioca.
FABIANO BICHARA (por e-mail, 15/8), Rio
Jornal
O Globo, cartas
dos leitores,
segunda-feira, 29
de dezembro de
2008
Favelização do
Rio
Desde que as
favelas, e por
isso elas
prosperam
viraram currais
eleitorais de
políticos,e de
interesse de
aliciadores de
votos, a
tendência é
aumentarem cada
vez mais. 0
governo finge-se
de morto e de
desinformado, e
assim a coisa
vai de
destruição em
destruição, como
se aqui fosse
terra de ninguém
Tal como o
desmatamento da
Amazônia
— que
segundo o
ministro
diminui, mas não
pára, o que
significa que a
destruição
continua, só
muda o ritmo
__, o
mesmo acontece
aqui com as
favelas, já
ultrapassando o
número de 650,
só na cidade do
Rio de .Janeiro
.ROBERTO
LISBOA
WAICHENBERG
(por
e-mail, 27/12),
Rio
-
-
-
-
Jornal O Globo 01/09/2009 às
17h56m
Eu Reporter
Aumento da favelização em Paquetá preocupa internauta
Texto do leitor Paulo Caratori
RIO - Estou escrevendo para alertar sobre a favelização de um dos
patrimônios da Cidade do Rio de Janeiro e do próprio Estado do Rio
de Janeiro: Paquetá. Esta ilha, cheia de história, está com
prédios históricos em ruínas, pontos turísticos pixados e sujos,
placas turísticas de informação arrebentadas e sem manutenção.
Para piorar, duas favelas surgem em dois morros da ilha. E olha
que a ela só tem uns cinco morrinhos. As duas favelas podem ser
vistas por quem chega na ilha de barca. A primeira, mais visível,
fica no morro em direção ao Iate Clube de Paquetá, à esquerda de
quem chega de barca. Essa possui casas de alvenaria que crescem a
cada dia.
A segunda favela fica do lado oposto, à direita de quem chega de
barca. Ela possui umas casas verdes. Não consegui tirar boas fotos
das favelas, que são construídas em lugares impróprios.
Jornal O Globo, Dos leitores, 29/09/2010
Uma nova favela
Uma boa notícia para o prefeito do Rio
e para o governador do estado: logo após a saída do túnel do Joá, à
direita, nasce uma nova favela. Hoje são
somente dois barracos, mas daqui a quatro anos, quando toda meta
estiver derrubada e os córregos poluídos, teremos uma grande
comunidade. Daí,
O "governo somando forças" entrará em ação e fará uma grande obra de
fachada, com direito a escada rolante, e vai batizar de Complexo da
Comunidade do Joá. Afinal, aquela área dará uma grande visibilidade
e retorno político, sem contar com o favorecimento das grandes
empreiteiras. Infelizmente, é dessa forma que problemas tão sérios
como moradia são tratados em nossa cidade e em nosso país. O governo
vai transformar a cidade em uma grande favela, com muitas obras de
fachada e maquiagem.
RODRIGO RAMOS MELLO
Rio
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Informações de copyright.
Última revisão: setembro/2010
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